terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O coelhinho que queria viver em Paz


O coelhinho branco que queria viver em paz

 
Era uma vez, há muito, muito tempo, havia uma mãe e um pai coelhos que tiveram muitos coelhos bebés de cores diferentes: pretos, cinzentos, castanhos, malhados e até às riscas. Mas entre eles havia um, o mais novo, que era todo branco, branco como a neve que brilha ao sol, numa tarde luminosa de Inverno. Esta família de coelhos vivia com outras famílias numa enorme floresta cheia de grandes pinheiros verdes, magníficos cedros e bonitas bétulas onde as aves podiam construir os seus ninhos. As famílias de coelhos construíram as suas casas sob os ramos dos cedros para se abrigarem da chuva e da neve.

Às vezes, o coelhinho branco era deixado sozinho pelos seus irmãos e irmãs e até mesmo pelos seus amigos só porque era todo branco. Por ser de uma cor diferente, ninguém queria brincar com ele. E ele então ficava muito triste porque não tinha ninguém com quem brincar. Às vezes, os outros ria-se dele, porque era mais pequeno do que todos os outros.

Eles diziam-lhe coisas desagradáveis. Palavras que feriam o seu pequeno coração. Quando a noite chegava e o sol dava lugar à lua, o coelhinho branco não conseguia dormir porque os seus irmãos e irmãs o provocavam. Mordiam-lhe as orelhas, beliscavam-se as patas, davam-lhe palmadinhas nas costas e faziam-lhe cócegas no pescoço. O coelhinho branco detestava essas brincadeiras. Isso magoava-o, porque ele não sabia o que fazer. Ficava a olhar as sombras dos animais errando no meio da noite e sentia-se triste. E sonhava viver em harmonia. Sonhava com uma vida melhor.

Certa manhã, o coelhinho branco, que estava farto de todas estas disputas, decidiu fazer uma caminhada pela floresta. Enquanto andava, esperava encontrar alguém que pudesse ajudá-lo a viver em harmonia e a libertar-se do sofrimento e da raiva. Depois de caminhar um pouco, o coelhinho branco passou pelo covil de uma raposa. Ele sabia que a raposa era muito astuta, e decidiu pedir o seu conselho:

- Olá Sr.ª Raposa. Eu sou o coelhinho branco e quero viver em paz. A senhora, sendo tão astuta, poderia dizer-me o que devo fazer?

Depois de ouvir a história do coelhinho branco, a raposa disse-lhe:

- Acho muito bem que queiras viver em paz e queiras encontrar soluções para os conflitos da tua vida. Quando eu era jovem, não era tão astuta como sou hoje. Mas o tempo ensinou-me a ser mais calma. Agora, quando estou numa briga, quando alguém me magoa ou não pensa da mesma maneira que eu, inspiro profundamente e imagino uma luz azul em volta de mim. E isso ajuda-me a recuperar a calma. Quando já estou mais calma, então posso falar sem discutir para tentar resolver o problema.

Feliz com os conselhos que a raposa lhe tinha dado sobre a forma de viver em paz, o coelhinho branco agradeceu-lhe e partiu para a floresta. Sorrindo, a raposa disse-lhe ainda:

- Lembra-te, tens de respirar profundamente três vezes para manter a calma. Isso vai aliviar-te do teu sofrimento e da tua raiva e vai fazer-te ficar mais calmo. Inspira pelo nariz e expira pela boca, meu amiguinho branco.

Um pouco mais adiante, o coelhinho branco encontrou a Senhora Coruja. Ele já tinha ouvido falar dela. Os outros animais da floresta diziam que ela era muito gentil. E decidiu pedir-lhe também conselho:

- Olá, Sra. Coruja! Eu sou o coelhinho branco e quero viver em paz. Pode dar-me alguns conselhos, porque eu ouvi dizer que a senhora nunca briga.

- Ah, sabes, eu às vezes também brigo. Mas tento sempre resolver o problema falando com a outra pessoa. Aproveito para entender melhor qual é o problema entre nós, para ver como cada um de nós sente e o que queremos mudar ou melhorar. Juntos podemos encontrar soluções para pôr fim à disputa. Então procuramos a melhor solução, aquela que melhor nos convém a ambos.

- E é assim que a senhora consegue viver em paz?

- Sim, é isso. Agora tens uma nova pista sobre como viver em paz. Lembra-te, podes sempre falar com a outra pessoa para encontrar uma solução…

O coelhinho branco agradeceu à Sra. Coruja e seguiu o seu caminho. Estava contente por ter aprendido este truque novo.

Depois de algum tempo, encontrou o lince. Este pequeno gato selvagem era famoso por ser um bom ouvinte.

- Olá, Sr. Lince! Eu sou o coelhinho branco e quero viver em paz. Pode ajudar-me?

O Lince olhou para ele e disse:

- Com os meus olhos de lince, posso ver coisas que são invisíveis. Eu sei que estás à procura de maneiras de viver em paz, portanto, escuta! Dantes, eu guardava dentro de mim coisas que me incomodavam. Estava frequentemente irritado e triste. Só pensava em mim. Hoje, consigo dizer o que penso, o que quero e como me sinto. Para além disso, pergunto aos outros como vêem as coisas, o que querem e o que sentem nos seus corações. Desta forma, consigo viver em paz e os outros também. Agora já sabes que é por pensares também nos outros e não apenas em ti que irás evitar brigas e ser capaz de viver num mundo mais feliz.

O coelhinho branco agradeceu ao Lince e foi para casa. Quando estava quase a chegar a casa, encontrou-se com alguns dos seus amigos que o provocavam e lhe diziam coisas desagradáveis, que zombavam dele por ser pequeno e de uma cor diferente da deles. O coelhinho branco respirou três vezes profundamente e imaginou uma luz azul em volta de si. Sentindo-se mais calmo, dirigiu-se aos amigos, para ter uma conversa com eles. Perguntou-lhes porque lhe faziam aquelas coisas e disse-lhes que as coisas que eles lhe diziam o deixavam triste. Disse-lhes também como queria ser tratado. Juntos, encontraram uma solução que deixou todos felizes.

Logo que o conflito foi resolvido, o coelhinho branco voltou para casa.

Quando chegou, contou aos pais sobre a sua aventura e como poderia ficar calmo, seguindo o conselho da Senhora Raposa, como poderia falar para resolver os problemas, como a Sra. Coruja lhe tinha explicado, como poderia pensar em si e nos outros, como o Senhor Lince tinha sugerido.

Os pais ouviram-no atentamente e felicitaram-no, antes de sugerir que fosse para a cama.

Enquanto o pai o levava para dentro, disse-lhe que podia gastar um bocadinho do seu tempo, todos os dias, a pensar sobre o que poderia fazer para viver em paz.

Naquela noite, o coelhinho branco teve sonhos maravilhosos porque agora vivia num mundo onde havia um pouco mais de paz.

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